Edital apoia métodos alternativos ao uso de animais em pesquisas

06/09/2012 15:19

O Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), por meio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), publicou nesta segunda-feira (3), no Diário Oficial da União (DOU), chamada pública com o objetivo de selecionar propostas para estruturação da Rede Nacional de Métodos Alternativos (Renama). O prazo para envio vai até 18 de outubro.

A Renama foi criada, por meio da Portaria 491, de 3 de junho de 2012, com o objetivo de atuar no desenvolvimento, validação e certificação de tecnologias e de métodos alternativos ao uso de animais para os testes de segurança e de eficácia de medicamentos e cosméticos. Outra atribuição da rede é a de promover a maior integração de trabalhos e estudos colaborativos relacionados de grupos que atuam no desenvolvimento de métodos alternativos.

Por meio da Chamada MCTI/CNPq 25/2012, estão previstos recursos da ordem de R$ 1,1 milhão para propostas voltadas para as linhas temáticas: financiamento de projetos de pesquisa para implementação em laboratórios brasileiros, para desenvolvimento e validação de modelo de pele humana reconstituída na forma de kits para testes de segurança e eficácia e de métodos alternativos ao uso de animais já validados e reconhecidos internacionalmente.

Do total, R$ 950 mil se destinam a itens de custeio (material de consumo, serviços de terceiros e passagens, entre outros itens) e R$ 149 mil são para itens de capital (material bibliográfico, equipamentos e material permanente).

As propostas devem ser acompanhadas de arquivo contendo o projeto e encaminhadas ao CNPq, exclusivamente pela internet, por intermédio do formulário de propostas online disponível na Plataforma Carlos Chagas. A chamada e o regulamento podem ser conferidos aqui.

 

Anestesista japonês pode ser cientista com mais fraudes

18/07/2012 12:19

Yoshitaka Fujii, um anestesista japonês, pode se tornar o recordista mundial em publicar estudos científicos que nunca ocorreram.

O doutor da falsificação teve 172 artigos científicos fabricados nos últimos 19 anos. Isso é quase o dobro do atual recordista, o alemão Joachim Boldt, outro anestesista, com 90 fraudes. De mais de dois mil artigos retratados nas últimas quatro décadas, 13% foram de anestesistas.

A Sociedade Japonesa de Anestesiologia constatou inicialmente que Fujii não tinha aval do comitê de ética da sua universidade, o que o impediria de fazer pesquisas com humanos. No entanto, parte dos trabalhos dele traziam dados de pacientes.

Após pesquisar os arquivos de laboratório, das universidades em que ele trabalhou e entrevistar coautores dos trabalhos, foi constatado que somente três de 212 artigos dele são verdadeiros. Outros 37 são ambíguos (não dá para saber se são falsos).

Nenhum coautor de Fujii participou das pesquisas. O cientista forjava também pacientes, resultados, administração de medicamentos e parcerias com hospitais.

Como nenhum dos estudos inventados trazia descobertas relevantes, ele conseguiu que suas fraudes passassem despercebidas desde 1993.

Koji Sumikawa, vice-presidente da Sociedade Japonesa de Anestesiologia declarou em um relatório de 29 de junho que as fraudes de Fujii o ajudaram a conseguir empregos na Universidades de Tsukuba e de Toho.

Além disso, o anestesista recebia verbas públicas para seus estudos. Ele também concorreu, sem sucesso, cinco vezes ao prêmio acadêmico da Sociedade Japonesa de Anestesiologia e recebeu auxílio por participar de eventos da sua área.

O orientador de Fujii, Hidenori Toyooka, também está sob suspeita. Mesmo depois de declarar que suspeitava da veracidade de alguns dos artigos de Fujii a uma revista científica, ele não tomou nenhuma providência.

Caso todas as revistas científicas enganadas peçam a retratação dos trabalhos, Fujii será o maior cientista falsário do mundo.

EFEITO CASCATA

Para o biólogo da UnB Marcelo Hermes-Lima, que participa ativamente de debates sobre ética científica, um dos maiores problemas da fraudes na ciência é o efeito cascata dos artigos falsos.

“Os trabalhos são citados e outros pesquisadores começam a usar métodos fraudulentos”. No caso de estudos médicos isso tem sérias implicações para a saúde e a vida de pacientes.

“No Brasil, a impunidade reina. Temos a cultura do ‘coitadinho’ em que os pesquisadores, na maioria das vezes, subestimam o erro e inocentam seus pares”, disse Hermes-Lima à Folha.

Fonte: Folha de S. Paulo. autor: MARCO VARELLA