Minicurso aborda técnicas para redução de animais no ensino

21/10/2010 08:07

20-10-2010 17:54:14 – Minicurso aborda técnicas para redução de animais no ensino

Nesta quarta, 20 de outubro, foi realizado no anfiteatro do Departamento de Farmacologia o minicurso “Técnicas para a redução do uso de animais no ensino”, ministrado pelo professor de Medicina Veterinária da Universidade Federal da Bahia (UFBA), João Moreira da Costa Neto. Durante as quatro horas do minicurso, Costa enfatizou a crescente substituição do uso de animais no ensino, seja por ferramentas hipermídia (simuladores, filmes, vídeos interativos) seja pela utilização de moldes. Segundo o professor, “A grande preocupação na formação do aluno em cirurgia é que ele saia da disciplina com habilidade suficiente para seccionar, manipular e reparar tecidos, e com o avanço dos softwares e dos simuladores, podemos minimizar a utilização de animais nas cirurgias, essenciais para que ele adquira essa habilidade”.


Rogeria D´El Rei Martins, servidora lotada na Agecom, participou do minicurso e destacou a ênfase que o professor deu ao ensino ministrado de forma compassiva. “O desenvolvimento das competências não deve significar, necessariamente, a perda da sensibilidade”, assegura o docente.

Costa lembra de sua época de aluno: os estudantes acordavam mais cedo para procurar cães de rua que pudessem servir para as práticas. “Quando comecei como professor na UFBA, onde a utilização de animais na graduação é proibida, fiquei sem saber o que fazer: como dar aulas de técnicas cirúrgicas sem os bichos?”. A indagação foi sendo, aos poucos, respondida por ele mesmo, que criou moldes de brim onde eram feitas, junto com um perfurador, pregas que simulam as camadas da pele. Dessa forma, os alunos exercitam a costura de pontos.

O professor menciona a lei nº 11.794/08 – que regulamenta procedimentos para o uso científico de animais -, especificamente o artigo 14, §3º: “Sempre que possível, as práticas de ensino deverão ser fotografadas, filmadas ou gravadas, de forma a permitir sua reprodução para ilustração de práticas futuras, evitando-se a repetição desnecessária de procedimentos didáticos com animais”. Das gravações, inicialmente rudimentares, depois feitas com maior técnica, observando-se, por exemplo, aspectos como a iluminação mais adequada, foram confeccionados DVDs, que são exibidos várias vezes durante cada semestre. “O mais importante é a observação; há muito o que se aprender olhando com atenção”, defende o professor.

Os alunos do minicurso assistiram trechos do DVD do núcleo de Medicina Veterinária da UFBA “Ensino de Padrões de Sutura na Síntese de Tecidos”, que traz informações básicas sobre a síntese de tecidos, além de noções de instrumentação cirúrgica, tornando possível que o aluno tenha conhecimentos práticos sem a necessidade de operar um animal. Para o professor de Fisiologia da UFSC, Everson Nunes, que também participou do evento, “A busca por alternativas que substituam ou minimizem o uso de animais é uma tendência mundial, principalmente por motivos éticos. Se pudermos utilizar outros métodos, não há motivo para continuar operando animais”.

Atualmente, o emprego de animais na UFBA, quando utilizado, é feito por meio de cadáveres quimicamente preservados pela Solução Modificada de Larsen, que contém substâncias como formol, glicerina e cloreto de sódio e mantém intacta até a consistência dos órgãos. A única diferença é o sangue, que não pode ser conservado.

O minicurso de “Técnicas para a redução do uso de animais no ensino” é uma iniciativa da Comissão de Ética no Uso de Animais (CEUA) e faz parte da programação da 9ª Sepex.

Mais informações (48) 3721 – 9206.
Para informações sobre métodos de substituição de animais no ensino, pode-se acessar o site da organização 1R www.1rnet.org

Por Nathan Mattes Schafer/ Bolsista de Jornalismo na Agecom

acessado dia 21 de outubro de 2010 em: http://www.agecom.ufsc.br/index.php?id=23704&url=ufsc